De volta à Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, promete mudanças radicais nas políticas de incentivo à indústria automotiva em seu segundo mandato.
Em seu discurso de posse nesta segunda-feira (20), Trump criticou o “New Deal verde” e prometeu acabar com o “mandato do veículo elétrico”, um apelido que deu às políticas de descarbonização e eletrificação iniciadas pelo ex-presidente Joe Biden.
“Com as minhas ações de hoje, acabaremos com o New Deal verde e revogaremos o mandato dos veículos elétricos, salvando a nossa indústria de automóveis e mantendo os meus compromissos sagrados aos nossos grandes trabalhadores do setor automotivo americano”, disse Trump.
A iniciativa faz parte do discurso mais protecionista, que pretende favorecer a atividade doméstica e limitar a concorrência estrangeira. Trump pretende reverter políticas de incentivo a modelos mais sustentáveis de produção em toda a indústria americana.
O governo Biden havia previsto um subsídio de US$ 1,7 bilhão para adequar linhas de produção de veículos elétricos e híbridos, por exemplo. Também foram estabelecidas regras mais restritas para emissões de carros e caminhões, direcionando a produção para veículos menos poluentes.
Foram tentativas de direcionar a indústria americana para uma matriz mais limpa e ajudar as empresas a perseguir a inovação. Hoje, os chineses estão bem à frente das tradicionais montadoras americanas quando o assunto é eletrificação.
Trump, no entanto, planeja retomar o uso intenso de fontes de energia não renováveis, como gás natural e petróleo. Para ele, é importante manter baixos os custos de energia para a população — e se há abundância de petróleo nos EUA, esse potencial tem que ser usado.
“Temos algo que nenhuma outra nação industrial jamais terá: a maior quantidade de petróleo e gás de qualquer país da Terra. E vamos usá-la”, disse Trump na segunda.
Além disso, produzir carros com tecnologia mais antiga, apenas a combustão, dispensa o investimento em pesquisa e desenvolvimento. O presidente falou em “acabar com políticas de extremismo climático” do antecessor, um ataque ao esforço de priorizar a sustentabilidades nos negócios.
A mudança de posição dos EUA, a maior economia do mundo, não ficará restrita ao país. Especialistas analisaram os desdobramentos do novo governo Trump para o mercado automotivo e suas consequências, inclusive para o Brasil.